Campo do medo - Stephen King e Joe Hill


 Título: Campo do medo

Escrito pelo autor Stephen King e o filho Joe Hill. 

Título original  é In the Tall Grass que traduz A relva alta. 

Foi publicado nos EUA em Julho e Agosto de 2012 em duas partes, na revista Esquire. 

No Brasil foi publicado pela editora Suma no dia 01 de outubro de 2019. 

O gênero do livro  Terror 


Resumo 

O livro conta a história de Carl que busca sua irmãs Becky gravida para voltar para a casa dos pais.

Eles acabam parando em uma estrada de um matagal muito alto porque escutam um garotinho e sua mãe  pedindo ajuda. 

Eles acabam embrenhando no mato e se perdendo um do outro. 

E por mais que gritassem um ao outro sempre parecia que estavam chamando de uma direção diferente fazendo com que nem encontrassem um ao outro nem a saída do matagal. 

No fim Becky acaba encontrando o pai louco do menino que a ataca após mostrar o corpo da mãe. 

Becky consegue matar o pai do garotinho e se salvar mas começa a ter as contrações do parto. 

Carl acaba encontrando uma pedra no meio do matagal que o faz ficar louco,e  entendendo, com ajuda de Tobin, o garotinho, que ninguém saia do matagal. E ele teria que se virar por ali, comendo carne humana dos que se perdiam na alta relva. 

Becky acorda desorientada vendo seu irmão e o garotinho comendo sua filha recém nascida e lhe dando de comer também a sopa que fizeram. 

O conto termina com uma família hippies chegando no matagal e chamados pelo pedido de socorro se Becky,  Cal e Tobin também se perdendo no matagal. 

Resenha 

O que me chamou atenção para ler o livro foi por ser do autor que mais gosto, Stephen King e do seu filho Joe Hill. Quero conhecer a escrita dele e passar a maratonar seus livros também. 

A história curtinha mas contendo aquela receita de sempre de King me conquistou logo de cara. Tendo o casal de irmãos como protagonistas, e que em meio a uma dificuldade muito grande, a gravidez repentina de Becky, sendo levada com leveza pelo irmão, me trouxe uma identificação muito grande.

 Mas logo após a impossível identificação com os personagens ele nos joga para esse universo fantasioso e na maioria das vezes aterrorizante. 

Foi o caso de Becky e Cal. Identifiquei muito a união deles com meu casal de filhos. E foi muito triste ver no que se transformou na história. Lógico,  que depois de ler todos os livros que Stephen King escreve eu deveria aprender a lição e não me deixar levar por esse caminho. 

Mas Stephen torna isso quase impossível nas páginas dos primeiros momentos do livro. 

O livro já é pequeno. É um conto na verdade. 

Mas Stephen King consegue nos transportar primeiramente para essa realidade dos irmãos e depois nos jogar para o horror que é o matagal. 

E esse terror vai subindo por degraus. 

Vai ficando mais apavorante a cada cena e enquanto o enredo vai ficando mais perturbador e psicodélico. 

Os horrores que acontecem com Becky é quase insuportável de se ler. 

Vendo-a correr o risco de abortar o seu bebê em meio ao matagal, sendo atacada por Ross. E logo após ver sua filha sendo devorada e depois tendo a noção de que ela comeu a carne da própria filha é muito perturbador. 

Em poucos instantes ainda tenho a esperança disso não estar sendo verdade. Mas é King, né? 

Acho que metaforicamente King quis mostrar a fragilidade que é estar na situação "realista" de Becky. Gravida e sem marido. Estar se sentindo perdida. Estar sentindo seu corpo e sua vida sendo  "devorada" por estar gerando um bebê. 

Não poder reclamar. Ser o natural. E "ser natural" ser algo tão apavorante.  O corpo muda, a vida muda. E é tudo certo. E a mulher, mesmo estando desprotegida e indefesa, tem que estar feliz e corajosa pra enfrentar o que está por vir. 

A Pedra não seria essa sociedade que impos isso para a mulher. Um quase "religião" que impos que ela deve gostar de ser mãe. Que deve sorrir diante de estar perdida diante de um matagal. 

O irmão Cal aceitando os dogmas da pedra junto com Tobin, não é o patriarcado aceitando mais facilmente essa missão que o favorece na maioria das vezes. 

E a recém nascida sendo devorada não é a figura feminina, mesmo mais tenra infância sendo obrigada a entregar sua carne para as regras dessa sociedade hipócrita que acaba exigindo da mulher o fardo mais pesado e ainda que tudo seja normal. 

Será que mais uma vez estou vendo mais do que o autor quis mostrar em 60 e poucas páginas? 




Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐


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