Zona Oito, a parte 3 do livro Ao paraíso de Hanya Yanagihara se passa em futuro de duas gerações diferentes pós apocalíptica. Em uma temos a história também dos mesmos personagens das outras partes só como se fosse em um universo diferente só que nesse futuro apocalipitoco.
Nesse universo Charles é um cientista que ajuda no controle de várias pandemias que estavam acontecendo no mundo logo após o corona vírus. Ele incentiva o alto controle do governo a seus cidadões para que as pandemias fossem neutralizadas o mais rápido possível com vacinas e com lookdowns extremos. Mas seu marido, Nathaniel e seu filho são contra. Eles acreditam que as pandemias são criadas pelo governo como desculpa para controlar a população por política e até desculpa para discriminar as minorias.
O filho deles David cresceu solitário e não se encaixando a sociedade e as regras do novo mundo criados para teoricamente fazer com a raça humana sobreviva a tantas doenças.
Mas com a chegada da adolescência, David, entra para uma associação contra o governo e em um jantar entre amigos do outro pai, Nathaniel, David descobre que o pai, Charles foi um dos grande arquitetadores do controle que governo tinha contra a população.
Nathaniel horrorizado termina com Charles e vai viver com os amigos na mansão enquanto David cada vez mais se junta associação de rebeldes.
Nessa associação David se apaixona por Éden, uma rebelde extremista que David apresenta aos pais e da notícia que está grávida.
David e Éden com o serviço da associação abandona a criança, uma menina que recebe o nome de Charles também, aos cuidados dos avos.
Charles e Nathaniel cuidam de Charlie com carinho e amor apesar de não estarem juntos e morando em casas separadas.
Até que as pandemias chegam a nível extremos. Fronteiras são fechadas, pessoas são internadas a força, e a quase tudo é proibido ou usado exclusivamente teoricamente para a proteção da população.
Os amigos com que Nathaniel moram morre deixando a mansão para ele. Mas logo Nathaniel também adoece e morre. David desaparece. E Charles vai morar na mansão com a netinha para cria-la. Mas logo Charlie, a netinha também adoece.
Mas ela sobrevive após um tratamento muito agressivo que deixa ela com graves danos neurais e na aparência.
Charlie cresce não sabendo lidar com escolhas e sabendo fazer tudo no automático. Mas por ironia algo que ajudava ela a viver naquele mundo que mudava cada vez mais pra fazer com que a luta pela sobrevivência fosse a base de muito controle e regras rígidas que limitavam as pessoas a viverem no automático com o básico para a sobrevivência.
Graças a baixa tacha de nascimentos de crianças o casamento de heterossexual são inicialmente incentivados e após obrigatória. E casamento de homossexuais inicialmente desaconselhados passam a ser proibidos despertando a revolta por ser claramente um desculpa furada pelo preconceito do governo já que a tacha de crianças orfans também tinha aumentado e podendo ser adotadas pelos casais de homossexuais.
Charles já tendo noção do mau que fez ao mundo passa a se dedicar a fazer Charlie sobreviver nesse mundo da melhor forma possível. E se correspondendo com um colega de fora dos EUA descobre que tem seu filho estava certo. O governo realmente usou as pandemias que eram facilmente controladas do lado de fora, era usado para escravizar a minoria para melhor qualidade de vida para a classe alta.
Mas com medo e receio de ser descoberto e perder a vida com acusações de traição ao governo Charles decide arrumar um casamento para Charlie. Mas por causa de sua doença e limitações neurais o único casamento que Charles conseguiu foi com Edward. Um homossexual que precisava casar pra se proteger. Porém frequentava um casa de encontros escondidos que foi criada após a proibição, mas que não funcionava como apenas prazer carnal. Mas usavam esses lugares para desabafarem e viviam como verdadeiras família.
Charlie casou ciente de que o marido nao iria ama-la como um homem hetero amava uma mulher. Eram amigos só que não dormiam juntos.
Charlie, graças a sua limitações não se importava.
Mas quando seu avô acusado de traição ao governo foi executado em praça pública sua solidão ficou maior.
Até que ela encontra David. Um outro David que de início mostrou ser apenas um amigo, mas que logo revela ser um funcionário do amigo do avô que ele se correspondia que tinha feito planos de tirar ela e o marido do país.
Mas no dia de irem embora o marido desaparece. CHarlie vai até a casa de encontros que Edward ia, e ela o tinha seguido, e o encontra em estado terminal do lado do seu verdadeiro amor, um homem chamado Fritz
Quando o marido de Charlie morre ela vai com David e foge dos EUA. Mas é pega por alguma autoridade. O livro não revela se é dos EUA ou do país para o qual ela iria.
Hanya nos leva para um ambiente apavorante aonde gatilhos da verdadeira pandemias nos faz ter um impacto maior ainda diante da terceira parte de seu livro.
É um terror que Hanya nos mostra que deslumbramos um facho a menos de dois anos. Com toda a insegurança de pensar se o governo realmente estava fazendo todo o necessário. As divisões políticas. O preconceito e a fragilidade das minorias e o egoísmo das classes altas.
E esse futuro que autora pinta na fase de Charlie adulta com um registro tão duro e triste é algo possível, é isso que dá mais medo.
O horror de ler os relato dos pais sofrendo pelos filhos é algo que foi real e que não aparenta ser nenhum exagero no futuro, é algo que realmente me escondi nos noticiários e que graças a Hanya vai me assombrar pelo resto da vida e que entendo que esse assombro seja algo necessário que eu deveria ter tido e que Hania usa seu livro como utilidade pública.
O amor que Charles tem primeiro por seu filho David e depois por Charlie foi algo que me tocou de tal forma em suas descrições que me levou a verdadeiras lágrimas.
Seu choque em ver que os filhos não seriam o que ele visualizava para o futuro. Tanto David por ser um radical opositor, antissocial e o decepcionando até no único relacionamento amoroso que teve. Com Charlie por ela ter ficado doente e tendo que ser cuidada como uma criança muitas vezes. E também as pandemias trazendo a realidade totalmente diferente do que ele imaginava que teria. Charles foi forte e teve que se reinventar muitas vezes para sobreviver e ver seus tão queridos descendentes sobreviverem também. Coisa que, repito novamente, tantos tiveram que fazer durante esses dois anos e ainda fazem. Quero sempre ter como exemplo esse personagem na minha memória para lutar o que virá pela frente em minha vida.
O ponto que me deixou muito frustado nesse livro, e que quase me fez tirar o favoritado foi o mistério que a autora fez de quem é quem nesse universo.
Foi muito chato ter realmente visualizado quem era os dois protagonistas da história só em 30% do conto. Entender que Charles era um e Charlie era outro foi propositalmente difícil de entender e em vez de me animar ou deixar aquele suspense me frustrava em varios momentos por eu estar visualizando errado a história.
Mas após o entendimento de que Charles era um homem cientista e Charlie era outra personagem, feminina e que teve outro desenrolar Hanya se superou.
Mostrar, como falei atrás, o carinho e o cuidado com os filhos, e como Charlie tendo problemas neurais sobrevivendo a sociedade louca em que vivia foi fassinante.
Hanya conseguia nos levar para dentro da cabeça de Charlie e nos mostrar suas limitações e não limitações, o que é mais importante, e que todo pai, mãe ou pessoa que ama pessoas como esses mesmos problemas tinha que ler e entender o que se passa em suas cabeças.
O final é sufocante e maravilhoso apesar de ter um dedinho de frustração pelo final aberto.
Aquele sentimento de "Será que Charlie vai conseguir fugir dos EUA ou não?" era de matar. E mesmo com o final aberto Hanya, não deixando entender se ela conseguiu ou não, meu espírito positivista não me deixa imaginar outra coisa que não seja um final feliz para Charlie. Com ela encontrando David do outro lado e eles se apaixonando e Charlie encontrando o verdadeiro amor nos braços dele em uma terra que soube lidar de verdade com as pandemias.
A leitura com parágrafos enormes sobre os pensamentos de Charles e Charlie intermináveis, porém nunca cansativos, faz a gente entrar de verdade na cabeça dos personagens e nos vermos nos lugares deles tão apavorantes.
Hanya conseguiu escrever novamente um livro marcante e que pode sim ser o favorito do ano. E que, pra mim, ficou empatado com Uma vida pequena.
Nota 10 ❤️
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