Zezé é um menino pobre que se muda com seus vários irmãos, pai desempregado e mãe batalhadora para uma casa aonde nos fundos tem um pé de Laranja Lima.
Com esse pé de Laranja ele dá vazão a sua solidão diante da situação difícil da família.
O pai desempregado, a mãe tendo que trabalhar fora e os irmãos mais velhos tendo que cuidar dos mais novos.
Zezé até tenta usar a imaginação infantil para viver em um mundo dos sonhos e aventuras, mas a realidade da sofridão da pobreza faz com que as frustrações dos mais velhos use o mais novo como bode espiatorio para extravasar suas raivas. Por más criações básicas de crianças os pais e os irmãos mais velhos veem como motivo para a grave agressão ser o que faltava para o jovem garoto entrar em depressão e confiança para pessoas mais velhas que dedicavam pouco tempo para deixá-lo ser criança.
Zé se torna amigo de várias pessoas mais velhos e entre eles um Português que queria até o adota-lo como filho. Porém, antes que o ocorrido acontecesse o tal português se vê vítima de um terrível acidente e perde a vida.
O desafio quinzenal do grupo de leitura Diário de Leitores era ler o livro mais velho da estante. Tendo a rotina de sempre ler um livro mais antigo e um mais novo da minha estante o Meu pé de Laranja Lima foi perfeito para se encaixar em ambos.
Lembrava vagamente da música de apresentação da série baseada na obra que passava na tv quando era criança.
José Mauro de Vasconcelos criou o livro como uma auto-biografia e foi muito bom saber que Zezé, personagem que tanto me apaixonei teve uma vida boa e feliz.
Escreveu seus romances e ainda foi viver suas origens junto com os índios.
Morreu aos sessenta e três anos.
O livro me impressionou. Esperava me divertir com as diabruras de uma criança, relembrar a minha e reviver sonhos e aventuras de toda criança.
Mas eu vivi com Zezé, uma outra infância. Uma infância dura e difícil. Por trás de suas conversas aparentes inocentes com o pé de Laranja Lima se escondia a solidão e a vontade de ser realmente amada. Sera que todo pai e mãe amam realmente seus filhos? Ou os tem como status social e quando vêem o que tem realmente nas mãos é uma vida que precisa ser dirigida e amada da melhor forma possível não se apegam a preguiça e a rotina do dia a dia e a deixam de lado.
Temos também um tema que hoje é tão discutido e que ainda infelizmente divide opiniões. Agressão infantil como meio de educação. Vemos essa desculpa como meio de educação ser usada mas no fim a criança ser usada como meio do adulto extravasar sua raiva e ira. E mesmo que fosse realmente por educação. Agressão de idosos, mulheres e qualquer outra pessoa é condenável. Contra criança ainda não é.
Vi Zezé como um batalhador que luta para ter esse amor tão desejado. E que recebe ingratidão, medo e falta de esperança de uma família e pessoas que somos impedidos de julgar pela batalha incansável deles de melhorar de vida e sobreviverem e que a pobre criança só atrapalha.
E o que dizer da depressão infantil de Zezé. A eterna dita que criança não tem problema. Que os adultos com suas ocupações não deixa espaço para criança poder ter tristezas.
Criança deve se sentir culpada por ser criança? Uma eterna luta por os transformar em adultos o mais rápidos possíveis e largarem de dar o trabalho.
Senti de verdade uma revolta nisso.
E a desproteção que a falta de amor e carinho causa na criança. Ficando a disposição de qualquer pessoa.
Zezé teve sorte por encontrar Português que tinha um amor, visto pelo menino, até puro de um pai por um filho.
Mas o que não poderia estar Zezé a merce. Isso me causou verdadeiro medo e pavor.
Tanto por trás de um livrinho simples que eu, quase na mesma inocência de Zezé, acreditava de tratar de um simples livrinho infantil.
Nota 6.6
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