Cristo Senhor - A saída do Egito - Anne Rice



 


Jesus é um garoto judeu de sete anos que vive em Alexandria no Egito junto de uma grande família. 


Jesus tem poderes que assustam e recebem a admiração das outras crianças e da família. 


Ele deu vida a pássaros de barro, matou e retornou a vida a uma das crianças da região e sua orações pareciam ser todas atendidas.


Quando o rei Herodes morre, por algum motivo misterioso, seu padrasto, José decide voltar para a sua cidade natal, Belém.


No caminho, contrário aos que refugiados estavam fazendo, graças a perigosa revolução que acontecia pela troca de tronos, Jesus e sua família sofrem os perigos e o medo de uma sociedade instável. Mas mesmo assim lutam para manter os rituais judeus. 


Quando retornam a Belém Jesus vive no dia a dia de um garoto judeu, demonstrando toda a cultura obrigatória para a época, porém tentando desvendar os mistérios de uma origem, que a família teima a esconder. 


Logo ele descobre que reis vinheram ver seu nascimento mesmo estando em curral de um hotel em Belém. E o adoraram como rei. 


Que Herodes matou várias crianças de menos de dois anos com medo dessa previsão desses reis misteriosos. 


E quando descobre que é filho verdadeiro de Deus e que teria uma missão aqui na Terra Jesus compreende tudo e aceita sua missão com coragem e fé. 


Quando peguei o livro de Anne Rice falando da vida de Jesus esperei,  por preconceito, toda história soltas por aí de forma despreocupada com a realidade e baseada em teorias que iriam contra o que a bíblia pregava. 


Pelo contrário. Vi Anne preocupada em não abalar nenhuma palavra da Bíblia e pesquisando com seriedade a cultura e regras daquela época. Ela se preocupou em trazer uma realidade da vida de Jesus que ignoramos, que ele era judeu. E como judeu respeitava todos os rituais e meio de vida deles. E isso demandava quase noventa por cento da vida dele. Porque se criticamos os hábitos religiosos extremistas dos cristãos é porque não viram os hábitos dos judeus. São muito perfeccionistas.


Tentei ver o livro como uma fantasia, realmente por medo do que viria de Anne Rice, por medo de me ofender com minha autora favorita. Por isso vi muita semelhança com o livro O nome do Vento de Patrick Ruthfuss.


Logicamente tanta descrição se uma cultura religiosa e tão pouca história deixou o livro bem chato. Ainda mais quando eles chegam em Belém e Anne começa a descrever cronicas do dia a dia da família.


 Faltou um pouco de camadas nos personagens. Acho que essa falta de camada foi por medo mesmo da autora de descrever algo sem as pesquisas devidas, já que sua pesquisa deve ter sido específica no psicológico de Jesus dos oito aos doze anos. 


Essa foi a parte boa. Você imaginar um menino de oito aos doze anos descobrindo que é o verdadeiro filho de Deus e que tem a missão de salvar toda a humanidade. 


Essas descobertas, que a realmente a bíblia não mostra e que Anne esmiuçou trouxe cenas e diálogos incríveis, dignas da autora. 


Escrever em primeira pessoa foi corajoso. 


Anne Rice é católica e diz que perdeu a fé quando via a falta de liberdade de descoberta de conhecimento que teria se não saísse da bolha que a igreja opunha para seus fiéis, os proibindo a acesso de livros e material que alimentaria o conhecimento dela. 


Seu marido era ateu. Porém quando ela resolveu retornar a fé cristã, aceitou se casar com ele na igreja mesmo sendo bem rigido em seus dogmas ateus. 


Enquanto colhia material para escrever esse livro seu marido Stan Rice, teve um tumor cerebral e morreu em menos de quatro meses após o diagnóstico. 


Sua filha, Michele Rice, morreu em 1972, influenciando a autora a escrever seu primeiro livro. 


Cristopher Rice, seu outro filho, assumiu gay, causando um segundo afastamento da igreja após as críticas terríveis que ele sofreu. 


Ela continuou sendo cristã e passando isso para seus livros. Até mesmo nas mãos obscuras, como as Crônicas Vampirescas, trazendo o protagonista Lestat, para uma retidão, após descobrir que tem alma, e que poderia ser uma alma pura, mesmo sendo um vampiro, condenado a viver na escuridão eternamente. 


Anne trouxe nesse livro uma surpreendente fé pura. E que me fez perder um preconceito que por mais que a pessoa seja uma ser da noite pode sim ter a alma pura e escrever um livro cristão.


Pena que para mim foi o livro mais chato da Anne. 


Nota 4.5





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