El Camino por Rafael Ganemi

 






Antes de tudo, acredito que seja importante alertar que, apesar de eu evitar spoilers ao máximo em todas as minhas resenhas, a seguinte terá alguns spoilers de Breaking Bad. Por se passar depois da série, é inevitável tocar em alguns assuntos.



El Camino é o filme que encerra a história de Breaking Bad. Lançado em 2019 na Netflix, conta mais sobre o que ocorre após o fim da aclamada série, se focando em Jesse Pinkman, antigo parceiro de Walter White.

Por consequência de todas as suas más escolhas, Jesse passou os últimos dois anos sofrendo, perdendo tudo que amava, tudo que tinha. Mas o suprassumo de sua dor foi quando as ações do Walter levaram nosso protagonista a se tornar escravo de um grupo nazista.

Ao fim de Breaking Bad, grandes acontecimentos levam Jesse a ser libertado de seu cativeiro, e seu final havia ficado em aberto, para que cada um simplesmente interpretasse como queria que o fim dele fosse, e assim estava perfeito. Mas Vince Gilligan resolveu idealizar um final para o personagem, então vamos analisá-lo.






Jesse está traumatizado com tudo que passou. Conseguimos sentir em seu olhar, seu semblante, o quanto ele está distante daquele garoto engraçado que víamos no começo de sua jornada. Ele resolve ir embora, afinal, não tem como mesmo ele ficar em Albuquerque depois de tudo que aconteceu. Isso seria suicídio.

Gosto como Aaron Paul consegue demonstrar a maneira que Jesse se sente com todas as cicatrizes emocionais, e também está com cicatrizes físicas, por todo o corpo, mostrando o quanto ele apanhava e sofria nas mãos de seus carcerários. Ao mesmo tempo, alguns flashbacks mostram situações que ele passava com Todd, em sua confinação.

Esses flashbacks são colocados em momentos favoráveis, de forma que faz sentido, e isso me agrada bastante, pois sou um pouco chato com esse artifício de roteiro, quando não é tão bem executado. Nós conseguimos ver algumas situações humilhantes que ele era sujeitado por falta de opções, e como Todd era cínico.






A trama é bem fechada e direta. Damos uma última olhada em alguns personagens queridos, como Badger e Skinny Pete, e acompanhamos como Jesse dará um jeito de sair de uma vez por todas dessa vida do crime, recomeçando tudo em outro lugar. O nome "El Camino", pelo menos na minha interpretação, não só faz juz ao nome do carro que Pinkman dirige (que se chama justamente El Camino), mas também ao fato de que ele está traçando um novo caminho: o caminho do recomeço, da redenção e novas escolhas.

Mesmo com tudo que o protagonista passou, ainda podemos ver que ele é o mesmo Jesse Pinkman, só que com dor, cansado, exausto. Os tons de humor no momento certo continuam, então o filme não é distoante, nem estranho de ser visto. Na verdade, senti a mesma vibe de Breaking Bad.





Em relação às aparências, vou tocar brevemente nesse assunto, mas penso que não afeta tanto na trama. Mesmo assim, acredito que seja válido pelo menos falar rapidamente sobre. Aqui, vemos que o Jesse está bem mais velho. Na história, só se passaram dois anos, e isso pode gerar um leve estranhamento, mas tenho certeza de que eles fizeram tudo que puderam para rejuvenescer o ator. Todd também está mais gordo, e acredito que esse seja o ponto mais notável, pois ele era bem magro em Breaking Bad. E por fim, Walter, que aparece por um momento, e está com uma careca falsa um tanto perceptível ao público.

Apesar dessas diferenças, acredito que isso não diminui em nada a qualidade do filme em si, é compreensível que se passaram seis anos entre o fim da série e o lançamento do filme, então não vou entrar muito nesse mérito. Não é algo que incomode ao extremo, só achei válido pontuar.

No mais, fiquei incomodado em uma cena específica do filme, onde duas pessoas começam um tiroteiro, e os dois estão a no máximo dois metros de distância. Mesmo assim, descarregam os pentes em direção um ao outro e nenhum tiro é acertado. Isso me deixou desconfortável enquanto via, mas nada tão expressivo a ponto de estragar. Também fiquei me questionando se esse filme era mesmo necessário, já que o final do personagem era ótimo na obra original. Mas mesmo assim, não vi nenhum problema em ter sido feito, e o final dele me agradou bastante.





Considerações finais: Gostei bastante do filme, ele tem uma qualidade muito boa, assim como Breaking Bad e Better Call Saul. Não acredito que ele fosse completamente necessário, mas ao mesmo tempo, não tinha porquê não fazer. O diretor quis dar o final bacana ao Jesse e conseguiu fazer isso. Não é um filme perfeito, mas é ótimo! Recomendo para quem é fã. Vale a pena ser visto, na minha opinião.


Nota: 8/10

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