Guido é castrati, que eram crianças com dom para a música que tem os testículos cortados para prevalecer o tom lírico para as música durante o processo da puberdade.
Mas na adolescência ele perde a voz, o que acontece normalmente entre alguns castratis e se torna professor.
Já Tonio é rico de família de elite. A mãe louca e bêbada. Ele descobre que tem um irmão misterioso mais velho que ninguém fala, Carlos, que Tonio descobre a existência por foto de um antigo casamento do pai.
O pai de Tonio arma para quando morrer, Tonio comandar a casa e os negócios da família e não o primogênito rejeitado.
Depois da morte do pai, o irmão retorna.
E Tonio descobre que Carlos foi rejeitado pelo pai por tentar fugir com uma freira do convento. Ele foi expulso de casa. Só que o pai se apaixonou pela moça do convento, que estava grávida. O pai registrou o menino como filho dele. Tonio.
Mas para ficar com a casa e a herança, Carlos, manda Tonio para a escola de cântico de Guido, o castrando para cantar lírico.
Com vergonha de ter sido castrado Tonio se afunda no colégio.
De inicio se nega a cantar. Mas Guido o faz ver a beleza de ser um cantor lírico, mesmo castrado.
Guido e Tonio passam a ter um caso de amor e juntos Tonio é levado a fama nos palcos de opera e no mundo da elite parizience.
Tonio com ajuda de Guido passa a entender que pode ter uma grande liberdade sexual e emocional também, tanto com homens e com mulheres. Porque mesmo sem os testículos eles conseguem consumar o ato e ter prazer de várias outras formas.
Mas uma grande barreira separa Tonio do extremo estrelato na opera. Se vestir de mulher. Já que naquela época mulheres não participavam dos espetáculo. E uma grande estrela da ópera só mostrava seu alge fazendo os dois papéis.
Guido convence Tonio escrevendo uma peça em que Tonio teria que realmente interpretar os dois papéis. De homem e de mulher. E isso da coragem pra ele. Tonio acaba é se apaixonando por sua versão feminina. Indo até em festas dessa forma.
Por carta fica sabendo que a mãe e o irmão/pai estão construindo a familia que nunca conseguiram ter. Pensa que eles estão felizes.
Mas quando a mãe dele morre e Carlos envia assassinos para mata-lo, ele descobre que as coisas não eram bem assim. A mãe, quando viva continuava bêbada e ele traindo a mãe com várias outras mulheres da rua e da corte.
Tonio disfarçado de mulher vai até o pai/irmão para finalmente se vingar.
Mas ao chegar lá vê que Carlos sempre teve uma psicose por ele, invejando e nunca podendo viver a sua vida. Nem antes de voltar para a mansão do pai ou depois de ter castrado o próprio filho e o ver ter sucesso e poder mesmo assim. E a mãe morrendo chamando o nome de Tonio não ajudou.
Tonio até tenta perdoar o pai no último momento e deixá-lo viver sua vida ao lado dos irmãos, e ele como seu sucesso nos palcos. Mas a loucura dele era demais e num embate de esgrima ele mata Carlos, não por vingança mas para de defender.
O livro se prende no chocante. São muitas cenas perturbadoras tanto no momento dos castramentos quanto nos momentos das várias formas de sexos bem explícitas no livro.
As partes que autora se leva pelo psicodélico pelas várias cenas em que os personagens não estão em seu juízo perfeito ou por causa da bebida ou por causa das loucuras em si são bem difíceis.
As descrições muito excessivas dos ensinos sobre música também me fez quase abandonar a leitura em muitos pontos.
Mas mesmo nesses momentos mais difíceis, que foi mais no início do livro, Anne Rice mostra seu nível maior de escrita.
A linha do tempo andando de forma diferente para os dois protagonistas no inicio é um diferencial de tão quanto a autora consegue nos surpreender diante de sua excelência.
Penso que a falta de necessidade de se vingar do irmão por mais que seja puritano, atrapalhou o gaz da história um pouco. Mas o romance de Guido e Tonio e as lamurias causados pelo ciúmes e tramóias com os outros personagem trouxe o fogo da história novamente.
Eu gostaria sim que o romance de Guido por Tonio fosse um romance mais fechado. A liberdade que eles tinham não só de liberdade sexual com outras pessoas mas demonstrando amor real, trouxe uma falta de seriedade pra esse romance teria se fosse fechado e não um relacionamento aberto de tal forma. Vi isso em outros livros de Anne também. Ignorando é claro a diferença grande de idade deles que hoje em dia seria julgavel.
Agora vem o tema que pra mim se sobressaiu além do choque e da explicidade das cenas de sexo e abertura diante de tanta representatividade diferenciada nesse livro. A loucura de Carlos.
Ver com a pocessividade de Carlos tinha por Tonio foi algo muito surpreendente de ver. Seu discurso no final ao ser preso vai ser algo que vou relembrar para sempre.
Como alguém consegue moldar sua vida em volta de julgamentos de que a vida do outro é melhor que a sua?
Enquanto Tonio refazia sua vida em mil pedaços quebrados transformando um mundo louco e inimaginável em uma família Carlos destruía tudo que ele sempre sonhou e conquistou porque não conseguia se concentrar nele mesmo.
Aquilo pra mim se sobressaiu de todo choque que o resto do livro tinha. Choque porque existem pessoas assim no mundo real. E as vezes temos que tomar cuidado para não sermos assim. O quintal do vizinho não é o mais verde.
O livro no início foi muito difícil. Acho que até agora o mais difícil de todos de Anne. Mas como sempre Anne se superou no final com uma mensagem linda que o perdão é mais forte que a vingança. E olha que torço muito para Tonio criar ao longo do livro uma vingança gigantesca contra o irmão/pai.
Poderia ser melhor se a morte de Carlos não ocorresse. Acho que a mensagem ficaria mais objetiva. Mas foi um bom final.
Nota:⭐⭐⭐⭐
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