Rafael Ganemi - God of War (2018)

 



Em 2018 foi lançado God of War, que carregava só o nome da franquia, sem um número. Apesar de ser uma sequência direta, e não um reboot, eles optaram por não colocar 4 no título. Esse jogo foi uma reimaginação de estilo artístico, gráfico, storytelling, mecânicas, e tudo que havia se tornado uma fórmula na saga. Em God of War 3 (2010), o protagonista Kratos havia chegado ao auge de sua fúria. Vivendo na Grécia Antiga, em meio a seres e deuses mitológicos, o espartano destruiu todo o Olimpo com suas próprias mãos, concretizando sua vingança contra Zeus. E quando tudo pareceu que estava no fim, Kratos ressurgiu na mitologia nórdica.

O enredo se foca novamente no antigo deus da guerra. Depois de tudo que aconteceu em seu passsado, Kratos vagou sem rumo (como mostrado na HQ Fallen God), afim de deixar seus erros para trás, esquecer o temido Fantasma de Esparta, título que o próprio havia "conquistado" com sangue e dor. Kratos nega o seu passado, como se fingisse que ele nunca aconteceu, e após passar bons anos vagando pelas florestas de Midgard, na mitologia nórdica, conhece Faye, uma guerreira ruiva que também se escondia. Kratos se envolveu com Faye, casou-se com ela, e juntos, geraram um filho: Atreus.

A história do jogo começa de fato após a morte de Faye. Antes de morrer, fez um pedido a Kratos: Que as suas cinzas fossem espalhadas no topo da montanha mais alta dos nove reinos. Então, o jogo se passa na jornada de pai e filho para concretizar esse pedido, que parece simples, mas que se enche de desafios. Atreus sempre foi mais ligado à mãe, sendo Kratos um pai muito distante. O garoto não sabe que o pai é um deus, não sabe de onde ele vem, nem o que fez, mas com a morte da mãe, os dois serão obrigados a se conhecerem e envolverem melhor.

Kratos é um pai muito linha dura com o garoto, já Atreus é mais calmo, equilibrado, mas ao mesmo tempo confuso e frustrado com o pai. Kratos determina no início da história que Atreus ainda não está pronto para encarar a jornada adiante, mas em um dado momento, um homem bate na porta deles. Esse homem é retratado no início só como "O Estranho", e ele diz saber quem o protagonista é, e que quer repostas. O homem não sente dor, não pode ser morto por nada, então depois que Kratos derrota ele temporariamente, parte antes da hora para a jornada, fazendo ainda mais que ele tenha que se aproximar do filho.

Algo que me agradou bastante nessa sequência é o fator jornada. Antes esse fator era bem comum na saga, principalmente nos primeiros jogos, aquela sensação de que você está em uma jornada épica de aventuras e lugares incríveis. Mas ao chegar em God of War 3, que era supostamente o último, não havia mais essa sensação. A intenção do terceiro jogo era justamente trazer o clima de tensão, de conclusão, não era uma jornada, e sim o ápice de tudo que Kratos lutou para conseguir. Mas em God of War (2018), a sensação de jornada incrível voltou. O jogador visita vários locais bonitos da mitologia: construções antigas, cidades inundadas, reinos diferentes, o bosque, Lago dos Nove, etc. E isso resgata aquela coisa boa que havia nos jogos antigos.

Além das mudanças na jornada, vem também a forma que a história é contada, pois antes o Kratos era sozinho, ele interagia com poucas pessoas, era muito calado e isso não era problema nenhum para os jogadores. Mas com a presença de Atreus, nós percebemos que para o Kratos, as coisas eram bem diferentes, afinal, ele era solitário, não tinha ninguém como apoio, e quando tinha, logo perdia essa pessoa. Nos jogos antigos, haviam vários cortes de uma cena para outra, e junto com a trilha sonora, tudo era muito dinâmico, o que fazia que não pensássemos nesse lado mais pessoal do protagonista. Porém, nesse jogo em questão, não existem cortes, nós acompanhamos desde as batalhas incríveis, até as longas navegações de barco de um porto a outro. Atreus é a chave para quebrar a tensão: O menino ama conversar, conhecer o mundo, contar e ouvir histórias, tentar conhecer o pai, falar com Mimir, que se torna um companheiro de viagem, dentre outras coisas que apenas a pureza de uma criança podem trazer. O silêncio sempre é preenchido por alguma história, e essa falta de cortes nos conecta mais aos personagens, já que agora estamos com eles o tempo todo. E todos os personagens recebem um pouco de destaque, nós temos os irmãos anões Brok e Sindri, a deusa Freya, Mimir (o homem mais inteligente vivo), e chefes como as temidas Valquírias Corrompidas, dragões, etc. 

Me sinto entretido do início ao fim sempre que revisito esse jogo, e dessa última vez, joguei em inglês e na maior dificuldade. Foi uma jornada e tanto, e conhecer a versão original da dublagem também foi muito legal. E a dublagem em português também é excelente, muito boa mesmo. Esse jogo como um todo agrada demais, foi um grande acerto dos criadores. Saber que nesse mundo que eles criaram, as mitologias coexistem, que Kratos ainda pode ser melhor desenvolvido do que já tinha sido no resto dos jogos, que a jornada estava apenas começando, é muito legal. Recomendo conhecer, e o jogo tem um livro para quem não tem acesso a ele (o livro é baseado no jogo, e não o contrário).


Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐

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