Resumo
Venâncio e Dalva são um casal feliz. Ele reconheceu nela o amor que os pais não puderam lhe dar. E ela identificou nele todo amor que sua família lhe deu durante toda infância. Ou confundiu.
Dalva confundiu no amor torto e enciumado, do marido naquele amor que tinha com seus pais.
E quando eles tem seu primeiro filho e dedicava todo seu amor ao pobre bebezinho, Venâncio não soube diferenciar o amor de uma mãe, com o amor de uma mulher por seu marido. A loucura do ciúmes fez ele jogar o filho recém nascido na parede e agredir a mulher.
Quando sua crise de loucura acabou e ele viu o horror que tinha feito Venâncio sem coragem de agir diante do ocorrido leva o corpo do pobre bebezinho para uma curandeira da região cuidar do sepultamento. Enquanto ele tentava cuidar da mulher.
Mas aí começa o martir de Venâncio. A esposa não vai embora, impõem sua presença ao marido sem deixar de ignorar a presença dele. Deixando sempre a lembrança do que ele fez, mas sem lhe retribuir o amor que lhe fez tamanha loucura.
Por anos isso faz com que a depressão fosse o martir do casal.
Venâncio como castigo aceitava a penitência da alma mas a carne dele ele era fraca. Frequentando o bordel de Manu extravasava no sexo com a primeira prostituta que tinha na frente o amor que não podia ter com Dalva.
Mas essa ignorância pela pessoa eleita para extravasar o sexo, que era necessário para ele, era um ultraje para Lucy. A puta mais desejada do prostíbulo, que escolheu Venâncio como muso de seu maior desejo.
E esse desejo acabou virando fixação. E tanto a teimosia de Venâncio de não querer uma preferida, sendo as putas apenas vítimas de seu extravasamento, e tanto a teimosia de Lucy em conquistar o desejo verdadeiro do marido de Dalva vira alvo de mais um desencaminho da história.
Lucy passa a humilhar Dalva, que passava toda semana no caminho da frente do bordel. A prostituta nervosa pelo ignorância do marido da outra começa a molesta-la chegando ao limite de agredi-la. Fazendo com que chegasse ao ápice de Venâncio tomar uma atitude.
E atitude foi engravidar Lucy com todo ódio que Venâncio tinha por si mesmo. Isso traumatisou Lucy que não se viu digna de criar o próprio filho. E deu a Dalva criar.
Dalva criou o menino com todo amor, carinho e pureza de coração mas com medo do marido fazer a mesma coisa.
Só que Venâncio vendo no segundo filho uma segunda chance se perdoa e passa a dedicar tudo que pode para reconquistar a confiança da esposa e amor dela.
Nisso, Dalva percebe que além de poder confiar em Venâncio o segundo filho poderia lhe revelar seu maior segredo.
Dalva ia toda semana ver o primeiro filho na casa da curandeira que tinha sobrevivido a loucura do pai. Mas para se vingar do marido fez ele acreditar que tinha matado a criança.
Termina o livro com Dalva trazendo os dois filhos no braço para abraçar o pai arrependido.
Minha opinião
Tenho orgulho de falar que o melhor livro da vida é brasileiro.
O livro começa de modo chocante, trazendo palavras que definem um mundo que está distante da nossa realidade.
A prostituição e a forma que Lucy enxerga esse meio de vida não como pena e sim como uma forma de se satisfazer como forma de poder é chocante. Porque temos o ideal de que mulheres que estão nessa vida é por dinheiro ou por necessidade, o que não é a total realidade.
Mas o protagonismo que vi na história é de Dalva e Venâncio, sendo que Lucy é um pano de fundo para a história emocionante desse casal.
Analisei que Venâncio luta contra uma real doença psicológica sozinho. O que ele faz com o filho e com a esposa foi um surto. E, sem querer ser Froidiano, mas já sendo, culpa dos abusos psicológicos do pai. Podia-se dizer, que por mim, seria imperdoável mesmo sendo um surto psicótico, se Dalva não tivesse o perdoado. Depois de uma boa e a melhor vingança já vista por mim em um livro, mas continua sendo um perdão.
Dalva dá um exemplo de luta, de força e de moralismo que nunca exigiríamos de ninguém.
Sua personagem vai do nosso julgavel luto de forma tão integra mesmo com as loucuras de Lucy.
Não sei se muitos vêem sua pureza como algo bom. Já vi notícias que a julgam como uma submissa patológica também.
Mas no fim quem foi feliz? Quem perdoou, quem se dignou a agir da forma mais fácil para a felicidade chegar até ela? Com um marido que agora, vai ama-la e da-la seu devido valor. Tomara...
A história da, no meu entender, uma simples coadjuvante, Lucy é mostrada como alguém que se achava melhor por ter outro tipo de pensamento, que pessoas como Dalva. Existem pessoas que pensam no quadradinho, e pessoas que querem se abrir mais. Não que um ou outro esteja errado. Tanto um quanto o outro tem o direito de viver a vida como bem entender. Respeitando, lógico as pessoas a sua volta. O que Lucy não fazia. Mas ela não fazia, porque se achava melhor que as outras.
O plosttwist ou melhor, braileiramente falando, a reviravolta da história, é a melhor que já vi. Me choquei muito com a cena do pai atirando o filho na parede. E via o luto e a dor de Venâncio pouco e até romanceado demais para a autora colocar em um livro. Quase perigosa.
Mas quando entendemos que o filho deles estava vivo foi surpreendente. Vi a história de outro jeito e a autora de outra forma.
Uma história que tem tudo que eu gosto.
O romance e amor de Dalva e Venâncio sendo visto entre as frestas da dor tão terrível é de forma muito delicada, mas existe.
As cenas e diálogos são dramáticos e fortes.
Os conselhos da mãe de Dalva são lindos e temos que copiar e passar para nossos filhos também. Que personagem linda e filosofia fantástica. Enxerguei muito da minha mãe em Aurora, nela sendo feliz sem fazer força, mesmo tendo tantos problemas.
As cenas eróticas da história, com Lucy tentando seduzir Venâncio são muito visíveis e fortes também. Não sei se chega a ser excitantes porque mistura muita tristeza por parte de Venâncio. Mas a personagem de Lucy exala um ar de sexualidade nessas cenas que acaba com o nojo que de qualquer outra forma lidaria. A autora sabia como dosar.
E que orgulho que fico ao saber que é uma história tão boa e brasileira.
Tentei ver nos outros livros que eram "melhores livros da vida" que ficou para trás desculpas para mantê-los em primeiro lugar no meu coração. Mas não tem. Pelo contrário. Os outros eram calhamaços que ocuparam grande parte dos meus dias e não tendo como não ter a devida importância na hora de lê-los.
Esse pelo contrário, foram poucas horas e que me marcaram. Como uma atitude que é feita em um segundo em nossas vidas e que muda tudo.
Como Venâncio em um ato de um segundo que destruiu seu casamento e sua vida, por pura loucura.
Nota 5 ❤️ Melhor livro da vida.
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