Resumo
Hilda Furacão escrito pelo reporter Roberto Drummond é um romance que narra sua experiência de trabalho de jornalista apoiando o comunismo em meio a ditadura militar em Belo Horizonte no período do golpe militar que deu início a ditadura.
De pano de fundo temos a história de Hilda Furacão, bela moça de elite que misteriosamente abandona tudo para virar prostituta e enlouquecer coronéis e homens da elite.
Até que sua fama ganha a igreja incomodando as beatas e homens de fé, fazendo da guerra santa entre eles e ela um movimento político na região.
Mas o símbolo religioso das beatas, Matheus, conhecido por Santo, acaba se apaixonando por Hilda e Hilda por ele.
Chegando a prometer o abandono da vida de prostituta se o Santo abandonasse a batina, Hilda faz disso a maior cerimônia da cidade. Porém marcando por coincidência no dia do golpe militar.
Mathus acaba preso e mesmo querendo não pode encontrar Hilda, e ela achando que tudo era uma mentira dele por ser primeiro de abril.
Minha opinião
Quando me deparava com as cenas da minissérie estrelada por Ana Paula Arosio e Rodrigo Santoro não tem quem não tem uma curiosidade por saber como foi a história que inspirou.
Ainda vi entrevistas falando que Hilda foi uma personagem real.
Quando comecei a ler o livro me surpreendi por ser jornalística e narrar fatos como verdadeiros.
Ver a forma da escrita engraçada de Roberto Drummond lidando com a curiosidade e ansiedade de tia Çãozinha, que parecia só para quem o autor estava escrevendo seus textos jornalísticos, me surpreendeu também, por me agradar muito, mesmo nos momentos que falava apenas da politicagem com pensamentos aleatórios quase sem parágrafos.
Como nos momentos que cita nomes atrás de nomes de líderes políticos com pequenos fatos.
Mas existem os momentos políticos importantes que foram relatados e que compõem o verdadeiro motivo da escrita do livro e que pra mim não foi a dita protagonista que dá título ao livro.
Realmente o golpe militar e a luta dos jovens comunistas são o protagonista da história, deixando Hilda Furacão como apenas uma metáfora.
Vi em Hilda uma subversividade metafórica do que os jovens lutavam. Um mistério do porque de tanta luta, que não é revelado, como o mistério de Hilda, do porque ela ter largado o elitismo, para ir para a vida de prostituição.
Mas se não existisse essa luta misteriosa dos jovens e de Hilda? Os hipócritas iriam ganhar. Os jovens revoltos sem causa, e Hilda com seu final aberto tem uma motivo.
Ok.
Agora que mostrei fora a parte cult da história.
Primeiro o romance de Mathus e Hilda. Rendeu grandes diálogos apesar de não ter muita profundidade. Lembrou me muito de Romeu e Julieta. Descobrindo que todo aquele amor de Romeu era uma revoltante loucura jovem e a ilusão da pobre Julieta.
Do mesmo jeito Hilda seguia uma esperança de felicidade de uma cigana lhe dera, não um amor em si verdadeiro. E Mathus é seduzido pelo pecado. Mas tudo se juntou em cenas fortes e inesquecíveis.
A chuva em meio ao primeiro embate dos dois foi muito forte. Os dois molhados e se apaixonando em meio ao povo guerreando.
A cena final também dela esperando por ele. E o pobre Mathus sendo preso é muito triste.
De cena forte que gostei foi também do núcleo de Roberto Drummond, quando ele vai resgatar os escravos nos paus de araras. Não quero pesquisar, por medo dessa parte triste, não ser verdade. Achei a arma de Roberto Drummond, nesse livro é meio essa. O que é verdade e o que não é?
A cena de Hilda Furacão se deitando com os últimos homens ao aguardo da ligação de Mathus, para ver se iriam ficar juntos ou não, também foi muito forte e até engraçada.
Hilda é forte e sua imagem em cena é o empoderamento puro que o autor soube passar muito bem em tempos que empoderamento nem existia ainda.
Me decepcionou sim ver que ela não era a verdadeira protagonista da história.
E o final, eu gostaria de ver Mathus e Hilda juntos. O bem vencendo. Mas a ditadura destruiu mais alguma coisa. Se for verdeira essa história.
Nota: 3
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