Resumo
O livro escrito por Javier Moro, conta a história de Kinsom, uma monja tibetana que após ser presa e torturada por defender Dalai-lama, líder politico e religioso de seu povo, foge do país ao lado de sua amiga Yandol, para a Índia, atravessando o Himalaia a pé com vários refugiados inclusive, uma criança.
O livro também conta a biografia da 14º reencarnação do Dalai-lama, Tenzin Gyatso. Como é feita descoberta que ele era reencarnação do líder religioso e politico, como foi seu processo até virar realmente esse lider esperado e como a invasão da China ao Tibet e sua tentativa de luta pacifica, exílio na Índia, e luta para retomada da cultura e religião dos monges em meio a contínua guerra.
Opinião
Realmente a capa do livro nunca tinha me chamado atenção. A temática também não me atraia. Mas quando fui obrigado, pela minha meta de ler o primeiro e ultimo livro da minha estante, me fez pegar esse livro na mão e ler sua sinopse, comecei a me interessar.
É uma biografia real, então deve ser analisado de forma diferenciada. Nem por isso não analisar o roteiro escolhido pelo autor para narrar essa história. Sendo que o autor escolheu narrar a biografia de Kinson e de Dalai-lama de forma alternada.
Gostei muito da história de Kinsom. A religiosidade dela. A dedicação dela a vida monástica, ao seu povo e a Dalai-lama são inspiradoras.
O que ela passou na prisão, foi horrível. Pessoas, seres humanos fazendo essa forma de tortura com seus "iguais" é algo que chega a ser inacreditável.
Custo entender como somos chamados de seres superiores aos animais, sendo que fazemos isso só por prazer. Que sentimento é esse que faz um ser torturar o outro e sentir prazer nisso? Porque os chineses não torturavam aquelas moças para tirar informações. Era prazeroso para eles. O que é isso? Que sentimento é esse?
Admirei como o autor passou por cima nessas descrições, sendo que o livro é tão descritivo. Ele falou só o essencial para sabermos como as loucuras que os chineses faziam aos presos tibetanos eram terríveis. Ele não explorou isso. Não queria cativar o leitor com esse sadismo que muitos meios de informação fazem.
Depois temos a descrição vivida do êxodo que foi para esse grupo de refugiados passando por tanta tribulação para chegar a sua felicidade. Felicidade que era o quê? Só viver sua fé, sua cultura. Não queria muito. O mais horrível é pensar como os chineses foram demoníacos, é que eles arrancaram desse povo, o pouco que eles se sentiam satisfeitos. E literalmente satisfeitos. Não eram a palavra "acostumados". Eles não se acostumaram com a miséria e a pobreza. Eles de verdade eram satisfeitos, graças a religião e a forma deles viverem e encararem o mundo.
Na caminhada atravessando o Himalaia parecia que estávamos lá com eles, passando por todos os problemas e medos que tiveram. O autor era tão descritivo, que algumas vezes de verdade tive que fechar o livro, porque não aguentava mais aquela pressão e aquela agonia de alguns dos personagens não chegarem ao destino que tanto sonhavam.
A chegada a Índia foi linda. E mais uma vez eu repito. A felicidade deles, e o paraíso deles era tão pouco. Um abrigo, comida, a roupa femininas que as monjas podiam vestir de novo, e o grande encontro com um líder religioso.
Agora a biografia de Tenzin Gyatso foi bem mais difícil.
No início, foi legal. Teve seu reconhecimento como a 14° reencarnação de Dalai-lama.
Saber como a vida de pessoas tão pobres e humildes podem mudar devido a crenças, e que acreditando ou não, com pistas reais sobre reencarnação, é muita loucura.
Do nada um cara chega falando que seu filho é reencarnação de um líder politico e você vai morar em um palácio. Cheio de ratos. Mas um palácio. A, antes, tem que viajar o mundo. Gente, e isso é real, não é ficção. Isso aconteceu não só com tibetanos. Essa reencarnação pode acontecer com qualquer um. Muita loucura e fé.
Mas com a biografia de Dalai-lama veio também muita politicagem que deixou o livro um pouco pesado e difícil. Decorar todos os nomes desses líderes políticos, e a maioria que só viam o lucro no poder próprio e não pensavam hora nenhuma na sua população, em como sofriam, e no que passavam.
E também, o próprio Dalai-lama. Ele se exilou em outro país, enquanto seu povo sofria horrores. Preferiu inspirar a luta não armada, quando um povo precisava se rebelar contra seres demoníacos que aniquilava esse povo. Sim, ele escolheu uma direção contraria a todos os outros governantes, e que possivelmente esse ato dele tenha feito sobreviver sua cultura por gerações.
Possivelmente a história e sua cultura sobreviva tanto quanto o cristianismo. Mas e para aquelas pessoas que passaram por aquilo. Mulheres, crianças e homens também. Penso em um pai sabendo que os filhos passaram por tanta brutalidade e maldade?
Será que esse líder religioso e politico não pensou que a sua resiliência em passar por tudo isso, não seria o mesmo que seu povo? Será que vale a pena uma cultura e uma religião sobreviver para uma criança passar por tanta ruindade que esse povo passou? Fora que esse líder religioso e politico nem passou por metade do que o seu povo passou. Quem é ele para julgar se esse povo deveria ou não passar por tudo isso? Deus, né? Ele deveria ter ficado e lutado por seu povo. Se posicionado diante dos revolucionários.
Estou julgando pelo que Jaiver Moro me mostrou. Pois foi a primeira vez que ouvi falar das atrocidades que aconteceram no Tibet. E estou perturbado. Se vocês pensam que os horrores que os alemães fizeram na segunda guerra é muito, é porque não viram a China no Tibet. Sempre podemos nos surpreendermos mais com a maldade humana.
Mas quero, sim, ignorar todo sadismo que os chineses tiveram com o Tibet, e me especificar nesse livro apenas no amor que esse povo teve pela sua fé, pelo seu povo e sua cultura. É muito lindo como eles se satisfaziam com o pouco e como eles eram felizes assim, e ficaram felizes recuperando o pouco do pouco que tinham.
Nota: 4,5
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