Dr. Libério - O homem duplo - W. Bariani

O livro narra a história de Luciano que acorda no corpo do marido de sua amante. Dr. Libério, um cientista renomado e pesquisador, que pesquisava compulsivamente sobre transplante de cérebro. E para fazer o primeiro, escolheu, como cobaia, seu corpo e o cérebro do amante da esposa que ele assassinou. 

Mas o que a equipe médica de Dr. Libério não esperava era que o cérebro de Luciano prevalecesse. 

Luciano então tem que fingir ser o médico, seu assassino, marido de sua amante, para não ter o cérebro descartado pela equipe médica. 

Mas Luciano agora está arrependido após perder sua vida famíliar também. 

Ele tenta entrar em contato com a antiga esposa, Marta e os filhos. E agora, que é verdadeiro esposo da amante, ele vê como ela é na verdade. Uma ninfomaníaca que só sentia ciúmes de suas vítimas. 


Para complicar mais um pouquinho, Raul, antigo amigo invejoso de Luciano, tenta se aproximar de Marta e seus filhos, atrapalhando os planos de Luciano de retornar ao convívio familiar, agora no corpo de Libério. 

E quando Raul começa a desconfiar que aquele, funcionário do hospital, que tanto auxiliava Marta, estava com uma história suspeita e enganosa, e que poderia prejudicar os planos de Luciano, o entregando para a equipe médica e acabando com sua vida, ou seu cérebro, Luciano não vê outro jeito se não dar um fim a vida de Raul, como eles imaginavam na juventude, sendo o crime perfeito. 


Luciano arma para Raul dirigir pelo Corcovado de forma irresponsável e abalado causando-lhe um acidente fatal. 


  
Luciano percebe que as suspeitas da equipe médica de que algo saiu errado na cirurgia já ficam sérias a ponto de envolver uma investigação criminal que incluía acusar o próprio Luciano da morte de si mesmo, já que estava no corpo de Libério.

Ele então decide deixar sua família, a de Luciano, Marta e seus filhos, com uma estabilidade financeira boa, e se entregar para a polícia. 

Mas só no terceiro julgamento, após recorrente por Libério ser acusado de assassinar Luciano, Luciano consegue provar que é Libério. 

A Justiça determina que o hospital deveria achar um outro corpo para Luciano e ele colocar o cérebro de Libério no seu corpo devido para cumprir a pena na cadeia pela tentativa de homicídio de Luciano. 

O livro trás um roteiro surpreendente e de tirar o fôlego se você ignorar a falta de realidade da história em si. 

Os protagonistas não são cativantes e suas atitudes não me agradam de forma nenhuma. Isso me afastou um tanto da história. Parecem mostrar o tempo todo que são anti-herois, mas o autor tenta demonstrar o tempo todo que as atitudes deles não são fora do normal de alguém fazer mesmo sendo repreensivas. 

Como o protagonista trair a esposa. 
Depois desmeresser a amante, como se ela fosse a única culpada da traição. 
Depois ainda armar a morte de  Raul. E a morte dele ser algo supérfluo. 
São detalhezinhos que me afastaram de Luciano, e que quase deixaram a história ruim se o roteiro não fosse tão bom. 

O autor soube dividir bem as várias fases da trama. 

Luciano descobrindo o que lhe aconteceu, virando Libério, e tentando armar como recuperar sua família. 

O passado. Como, por meio de flashback, o autor nos conta como Libério armou a morte de Luciano e o usou em seus experimentos. 

Foi brilhante, na hora do julgamento, como Luciano, teve que ser obrigado a se colocar no lugar de Libério, como marido traído, para se defender como Libério. 
Ele literalmente teve que se ver no lugar de quem prejudicou. 

A investigação e o julgamento do caso. 

Foi muito bom, apesar de irreal, em como foi a investigação, as acusações, e como que Luciano teve que se defender do próprio crime. 

Foi um conjunto de paradoxo e confusões que girava nossa cabeça em discussões do que é certo ou errado. 

E tudo em tão poucas páginas, que temos que bater palma para o autor. 

Eu não gostei do protagonista e julguei-o pela sua atitude com a desvalorização da esposa e filhos. No primeiro momento. 

Mas depois é bonito de se ver ele lutando para reconquista-los e dando um valor melhor para eles mesmo no corpo de outro homem. 

Achei só feio como ele valoriza tão altamente a fidelidade da esposa a ponto de não quere-la toca-la no corpo de outro homem e na outra de trai-la não pensou duas vezes. 

O final, com a decisão do juiz foi meio irreal. Quem garante que uma nova cirurgia de transplante daria certa? E os graus de riscos? E se o cérebro de Luciano não prevalecer dessa proxima vez? 

Será que o justo era ficar no corpo do Libério e liberta-lo? 

Que justiça era essa que queria punir um corpo que não tenha vida? 

O livro tem seu ponto positivo por deixar a gente pensando nessa filosofia do " O que nós somos?"

Somos o corpo? A mente? 

Somos um conjunto de dados de memórias que nos contém no cérebro?

Quem prevalece?

O autor soube traduzir todo esse drama vivendo pelo protagonistas, e mais uma vez, em tão poucas páginas. 

Valeu a pena forçar a ler ele. Tem hora que vale. 

Nota: ⭐⭐
 

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