James - Percival Everett


 Resumo

Jim é um escravo que se acostumou, mesmo sendo culto e leitor, a se fingir ser sem estudos e com o linguajar tradicionais de pessoas incultas para não humilhar seus donos.

Ele é casado com Sadie, também escrava é uma filhinha Lizie. 

Ele tem um grande segredo. Ter engravidado a filha de seus donos quando jovem. Ela se casou com outro homem. Porém veio a falecer, deixando o filho, aparentemente branco, aos cuidados do avós, dono de Jim. 

Huck, da mesma idade de Lizzie, cresceu acreditando que seu pai, antigo marido de sua mãe falecida, o abandonou e tendo uma grande amizade por Jim. 

Quando Jim descobre que vai ser vendido ele foge para passar um tempo na floresta e poder continuar com sua família. 

Mas ele encontra Huck no meio do caminho que também estava fugindo, porque o teórico pai, estava na região e ameaçava pegar a guarda dele com os avós. E ele era conhecido por ser agressivo e maldoso. 

Jim acaba encontrando o pai de Huck morto em um casebre abandonado. E se a polícia o pegasse veria um escravo que fugiu sequestrando um garotinho depois de ter matado o pai. 

Jim, então, entra em várias roubadas fugindo da polícia com o garoto pelo rio do interior. Se deparando com bandidos perigosos, e pessoas que o ajudam. 

Mas quando recebe a notícia de que sua filha e esposa tinham sido vendidas para pessoas perigosas também Jim decide voltar e resgata-la abandonado seu disfarce de bom escravo. 

Para isso ele precisa invadir a fazenda que elas foram compradas e liberta todos os negros. 



Resenha 

O livro nos trás um humor "rir para não chorar" de algo tão terrível que foi a escravidão nos EUA. 

Percival nos leva a um roteiro cheio de aventura e com críticas calculistas para colocar na nossa mente o que era ser um escravo. E reconhecer nas nossas maiores dores e pesadelos a realidade de viver em tamanha submissão, medo e desprezo da sociedade. 

Em meio a sua aventura Jim nos descama de nossa pele branca pra nos xocarmos com exemplos tão claros de que não tinhamos ideia do que era tudo que um escravo passa. 

Temos o amor dele pela família e sua luta para ter a liberdade de todos. Como isso em meia a sua viagem passa a ser a sua redescoberta de que ele não queria mais aquela vida tanto para ele quanto para a família. 

Ele reconhece e nos reconhecemos em seu desespero do menosprezo da sociedade em que ele caminha que aquela vida que ele aceitava era um absurdo. 

Ele aceitava a tal ponto de ele se diminuir para não ofender os patrões. 

Ao longo de sua desaventuras sua decisão de apenas se afastar da família para não ser vendido passa a ser a revolta por aquela vida que fez tantas vítimas e que as próximas poderiam ser sua família. 

O choque de seu retorno, mostrando agora com um linguajar mais fluente e rico, mostrando que sabia ler, e que não era ignorante como pensavam, assustando mais que uma arma em punho é algo assustador e nos faz ter a verdadeira dimensão de como era o preconceito e o desrespeito a vida. 

A viagem por esse interior dos EUA em plano de fundo de uma história tão avassaladora ainda é prazerosa de se ver. 

O final com a transformação da postura de Jim diante de sua realidade como escravo é magnífica. Sua revolta contra os seus donos e inspirador. 

A cena dele fazendo o juiz Thatcher aceitar que era um escravo na hora que estava remando para ele foi de tirar o fôlego. 

A descoberta que Huck era filho de Jim também me deixou surpreso. E levou a história para outro patamar. 

Um livro incrível, que trouxe outra visão para o sofrimento dos seres humanos que era aceitável para aquela época. 

Paramos para pensar em quantas outras coisas que hoje em dia é aceitável e que é revoltante e não humano. 

Como a agressão a crianças. 

A não aceitação de casamento de pessoas que se amam, só por ter o mesmo sexo. 

E ainda hoje em dia, o racismo, que infelizmente não tem nada de velado. Em muitas vezes escancarado. 

Nota: 4,7⭐



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