Volte para mim - Paola Aleksandra






Título: Volte para Mim
Autora: Paola Aleksandra
337 páginas
Publicado pela editora Planeta do Brasil em 20 de junho de 2018.

Resumo


No século XIX, o livro conta a história de Brianna Hamilton, que retorna à casa dos pais, na Inglaterra, após realizar o sonho de conhecer a Irlanda e ajudar o avô paterno nas propriedades.




Com a mãe doente, ela volta para ajudá-los, mesmo carregando a culpa de ter fugido para realizar seus próprios desejos.

A mãe está com uma doença chamada ELA – Esclerose Lateral Amiotrófica –, condição que não tinha esse nome na época e nem tratamento específico.

O perdão da família por tê-los abandonado só existia na cabeça de Brianna, porque todos a recebem de volta com muito carinho.




Seu amigo e paixão de infância, Desmond Hunter, acredita que Brianna havia ido à Irlanda para assumir o nome da família da mãe, tendo que se casar por tradição com um primo. Isso o deixa ressentido.

Porém, nos primeiros contatos com a antiga amiga, esse ressentimento se desfaz, porque o amor entre eles fala mais alto — embora o fantasma do passado ainda permaneça, sem explicações de ambos os lados. Desmond acreditava que ela estava casada e, por isso, nunca respondeu às cartas.




Ao ver a dedicação de Brianna em cuidar da mãe, reconquistar a confiança da irmã mais nova e administrar a propriedade — já que o pai viajava constantemente em busca de uma cura para a esposa —, Desmond se reencontra com seus sentimentos por ela.

Até que chega o momento em que Brianna e Desmond precisam ter uma conversa sincera sobre o que realmente aconteceu.




Após esclarecer que Brianna apenas havia ido ajudar o avô na Irlanda, e não se casar, ela aceita o pedido de casamento de Desmond.

A mãe, vendo a felicidade da filha, ainda vive por um bom tempo.

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Resenha


Finalmente li um livro da youtuber que mais gosto, Paola Aleksandra.

Sempre gostei muito do canal dela por reconhecer os romances de banca como válidos no mundo da literatura. Ela sempre resenha muito bem, livro por livro — algo que está se perdendo entre os booktubers, que hoje fazem mais tags, que não são minhas preferidas.




Quando descobri que ela tinha escrito seus próprios livros, coloquei imediatamente na minha lista de leitura.

Mas eu sempre adiava por causa dos autores gringos mais famosos.

Decidi que precisava valorizar a literatura brasileira, mas com algo que realmente tivesse a ver comigo — não apenas clássicos ou literatura regionalista.




Paola Aleksandra seria perfeita.

E logo nas primeiras páginas tive exatamente o que esperava.

Não é um livro cheio de reviravoltas ou tramas complexas. É um livro sobre diálogos densos e autoanálise.




É um livro que fala de um tema muito forte: o autoperdão, o direito de ter amor-próprio, e sobre pessoas que sempre fazem muito pelos outros, mas que, quando finalmente fazem algo por si mesmas, são julgadas — às vezes mais por elas mesmas do que pelos outros.

Sim. Eu me identifiquei muito!

É um livro que acaba sendo quase mais de autoajuda do que puramente romance de época. Mas isso não é ruim. Seus diálogos densos e seu sofrimento são válidos. Ele expulsou de mim muita coisa, assim como, conhecendo a Paola como conheço, sei que expulsou dela também muitos sentimentos de culpa.




No finalzinho do livro entra a parte mais romântica. Brianna e Desmond são muito fofos juntos. Vi muito do Manoel, marido da autora, no Desmond. Não tem como não ser um pouco biográfico, né? E nem queria que não fosse. O que conhecemos da Paola e o que vemos nos vídeos mostra que sua história é tão bonita quanto a deste livro.

Também reconheci muito do relacionamento entre Brianna e a mãe no meu próprio relacionamento com a minha. Rowena tem muito da personalidade da minha mãe no modo de educar as filhas.

E vi muito da minha mãe em Brianna também: sempre ajudando os outros e raramente exigindo algo para si.

Ela passou isso para mim.

E acho que passei isso para os meus filhos.

No livro, isso aparece claramente — Rowena passando esse traço para a filha: cuidar dos outros e quase nunca de si mesma.

A ponto de, mesmo doente, se preocupar mais com a reconciliação da família do que com ela própria.

O livro não tem um vilão.

Acho que o maior vilão da história é a falta de diálogo que existia entre Brianna e os outros. E quando ela retorna, essas conversas se tornam obrigatórias e tudo se conserta.

E também há o vilão silencioso: a doença de Rowena. Algo tão horrível que chega e destrói uma felicidade. Como lutar contra isso? É o pior vilão de todos — nem raiva dá para sentir.

O livro é isso. Acho que Paola Aleksandra mirou no romance histórico, mas acertou muito além disso. Acertou em curar muitos corações doentes pela culpa de não conseguirem abraçar o mundo com os braços.

Nota: 4,2⭐




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